OXALA

Oxala

 

 


“O grande orixá”, ocupa uma posição única e inconteste do mais importante orixá e o mais elevado dos deuses yorubás.
É o dono da argila e da criação, onde molda os seres humanos em barro.
Senhor do silêncio, do vácuo frio e calmo, onde as palavras não podem ser ouvidas. Por apreciar muito o vinho de palma, embriagando-se freqüentemente, perdeu a chance de criar a terra e tornou-se responsável pela moldagem das pessoas e ficou proibido de beber o vinho.

Teimoso, às vezes passa por cima dessas regras. Pessoas com defeitos de nascença, provocados por ele, lhe pertencem.
Ele as protege para se redimir. Muda de nome conforme a situação.

Lento como um caramujo, todo de branco como seu ritual exige, é conhecido como oxalufan.
Enérgico e guerreiro, de colar branco com azul real, é oxaguian. Em todas versões é orixalá, obatala o rei do pano branco.

Arquétipos:
Os filhos deste orixá são pessoas calmas e dignas de confiança. São dotados de grande sabedoria, pois estão sempre buscando os significados de tudo o que ocorre ao seu redor, não cansam de estudar e buscar o conhecimento.
Os filhos de oxalufan (velho) possuem tendência a serem preguiçosos.
O trabalho braçal não os atraí, preferem buscar lugares onde possam colocar as suas idéias e projetos em atividade. Extremamente responsáveis, são ótimos projetistas e organizadores. Seus principais defeitos são: preguiça, teimosia e lentidão. Por serem calmos, nunca se deve abusar da paciência, pois quando acaba…
Os filhos de oxaguian(novo) já são mais ativos, guerreiros, alegres e trabalhadores. São incanssãveis em seus ofícios e projetos, possuem também tendências ao estresse por se darem demais as suas funcões.
Responsáveis como ninguém. Assim como oxalufan(velho) também são teimosos orgulhosos e inteligentes.
São os famosos senhores do tudo ou nada. Ou dá certo ou não. Seja nos negócios no amor e nas amizades.



Lendas:
Oxalufan (oxalá velho) era um rei muito idoso. Um dia, sentindo saudades do filho xangô, resolveu visitá-lo. Como era costume na terra dos orixás, consultou um babalaô para saber como seria a viagem. Este recomendou que não viajasse.
Mas, se o orixá teimasse em ver o filho, foi instruído a levar três roupas brancas e limo da costa ( pasta extraída do caroço de dendê ) e fazer tudo o que lhe pedissem assim como, jamais revelar sua identidade em qualquer situação.
Com essas precauções, o orixá partiu e, no meio do caminho encontrou exu elepô, dono do azeite-de-dendê, sentado a beira da estrada, com um pote ao lado. Com boas maneiras, ele pediu a oxalufan que o ajudasse a colocar o pote nos ombros. O velho orixá, lembrando as palavras do babalaô, resolveu auxiliá-lo; mas exu elepô, que adora brincar. Derramou todo o dendê sobre oxalufan.
O orixá manteve a calma, limpou-se no rio com um pouco do limo, vestiu outra roupa e seguiu viagem. Mais adiante encontrou exu onidu, dono do carvão e exu aladi, dono do óleo do caroço de dendê. Por duas vezes mais, foi vitima dos brincalhões e procedeu como da primeira vez, limpando-se e vestindo roupas limpas, continuando sua caminhada rumo ao reino de xangô.
Ao se aproximar das terras do filho, avistou um cavalo que conhecia muito bem, pois presenteara xangô com o animal tempos atrás. Resolveu amarrá-lo para levá-lo de volta, mas foi mal interpretado pelos soldados, que julgaram-no um ladrão. Sem permitir explicações, e oxalufan lembrando do conselho do babalaô de manter segredo de sua identidade, nada reclamou…
Eles espancaram o velho ate quebrar seus ossos e o arrastaram para a prisão. Usando seus poderes, oxalá fez com que não chovesse mais desse dia em diante; as colheitas foram prejudicadas e as mulheres ficaram estéreis.
Preocupado com isso, xangô consultou seu babalaô e este afirmou que os problemas se relacionavam a uma injustiça cometida sete anos antes, pois um dos presos fora acusado de roubo injustamente. O orixá dirigiu-se a prisão e reconheceu o orixá. Envergonhado, ordenou que trouxessem água para limpá-lo e, a partir desse dia, exigiu que todos no reino se vestissem de branco em sinal de respeito ao orixá, como forma de reparar a ofensa cometida. É por isso que em todos os terreiros do brasil comemora-se as águas de oxalá, cerimônia na qual todos os participantes vestem-se de branco e limpam seus apetrechos com profunda humildade para atrair a boa sorte para o ano todo.


Oxalufan tinha um filho chamado oxaguian (forma jovem de oxalá ), muito valente e guerreiro que almejava ter um reino a todo custo. Era um período de guerras entre dois reinos vizinhos e seus habitantes perguntavam sempre aos babalaôs o que fazer para que a paz voltasse a reinar. Um dos sacerdotes respondeu que eles deveriam oferecer ao orixá da paz, que se vestia de branco, como uma pomba, muito inhame pilado, comida de sua preferência.
Oxaguian, cujo nome significa “comedor de inhame pilado”, apreciava tanto essa comida que ele próprio inventou o pilão para fazê-la. Depois que as oferendas foram entregues, tudo voltou as boas. Oxaguian tornou-se conhecido por todos e conseguiu seu próprio reino. Ate hoje são oferecidas grandes festas a esse orixá para que haja fartura o ano todo.